Depois de uma recuperação difícil no pós-pandemia, o setor bancário vem retomando a concessão de crédito – e para o Mercado Pago, não é diferente. O banco digital do Mercado Livre deu novo fôlego à concessão de crédito em seu segmento prioritário: o pequenas e médias empresas (PMEs).
A carteira de crédito para PMEs do Mercado Pago subiu de US$ 260 milhões no primeiro trimestre de 2023 para US$ 450 milhões no mesmo período deste ano – uma alta de 73%. A empresa não abre qual a participação do segmento na carteira de crédito total do grupo, que alcançou US$ 4,4 bilhões no último trimestre, com 49 milhões de clientes.
“Não pretendemos desacelerar. Continuando a crescer nesse mesmo ritmo, vamos ficar próximos de dobrar a oferta ano contra ano”, afirmou Daniel Davanço, country head de pagamentos para empresas do Mercado Pago, em entrevista à EXAME.
O avanço é consequência de um foco renovado no segmento de PME, que ficou anestesiado no auge da pandemia (e nos dois anos seguintes), com a alta da inflação e da inadimplência.
Vale lembrar que o segmento de PMEs é o próximo passo na pirâmide do crédito empresarial para o Mercado Pago, que começou – e tem maior força – no microcrédito. O objetivo é aumentar a participação de mercado dentro do segmento PME, usando o crédito como combustível.
Pesquisa interna realizada com a base de clientes do Mercado Pago mostrou que, entre os vendedores, 83% busca soluções de crédito para gerir seu negócio.
O fôlego no segmento foi retomado em setembro do ano passado, quando o Mercado Pago lançou seu cartão de crédito empresarial, com funcionalidades voltadas para o empreendedor. Entre elas, a possibilidade de parcelar as compras em até 18 vezes sem juros no Mercado Livre – seis meses a mais de prazo que o oferecido a outros cartões.
O lançamento foi o primeiro passo da aceleração da concessão de crédito para PMEs dentro do Mercado Pago – estratégia que vem sendo construída na empresa desde 2017. “Hoje temos um portfólio bastante completo. Todos os nossos produtos oferecem, por exemplo, a antecipação de 100% dos recebíveis. O vendedor recebe o dinheiro da venda parcelada na hora, não precisa esperar. E é o caminho mais fácil para reinvestir e fazer girar o negócio.”
Na frente “convencional” de concessão de crédito, são duas as modalidades principais. Uma, de curto prazo, batizada de “dinheiro express”, normalmente utilizada para valores menores em prazos mais curtos. A segunda, a médio prazo, conta com duas possibilidades de pagamento: parcela fixa ou percentual das vendas.
A empresa aposta ainda no Open Finance para incrementar a oferta de crédito e ganhar mercado. Dentro desse universo, a iniciativa renova oferece a opção do cliente renovar o crédito tomado três meses após a contratação. As opções são ampliar o valor tomado ou a quantidade de meses disponíveis para quitar o empréstimo – a depender do interesse do vendedor. “É uma flexibilidade: poder renovar, de alguma maneira, a oferta que foi tomada.”
Beatriz Quesada
Repórter de Invest
Por Exame