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Áudio clandestino de reunião mostra Bolsonaro e Ramagem discutindo plano para blindar Flávio em 'rachadinha', diz PF
Áudio é citado em decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes que autorizou ação hoje contra a chamada 'Abin paralela'
11/07/2024 14h14
Por: Redação
O presidente Jair Bolsonaro e o delegado da Polícia Federal Alexandre Ramagem — Foto: Agência Brasil

A Polícia Federal identificou um áudio em que o ex-presidente Jair Bolsonaro, o então diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, e o então ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, aparecendo falando sobre a investigação envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso da suposta "rachadinha".

Segundo a PF, eles estavam discutindo supostas irregularidades que teriam sido cometidas por auditores da Receita Federal na elaboração de um relatório de inteligência fiscal que originou o inquérito contra o filho 01 do presidente. O áudio tem 1h e 8 minutos de duração, é datado de 25 de agosto de 2020 e foi encontrado em um aparelho de Ramagem. Uma das advogadas de Flávio também estaria presente na reunião.

De acordo com as investigações, Ramagem disse na gravação que "seria necessário a instauração de procedimento administrativo" contra os auditores da Receita "com o objetivo de anular a investigação, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos".

O relatório da PF ainda aponta que integrantes da chamada "Abin paralela" tentaram levantar "podres e relações políticas" dos auditores da Receita. O suposto desvio de verba pública - a chamada "rachadinha" - teria ocorrido no gabinete de Flávio, quando ele era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

"Igualmente, em relação às investigações relacionadas ao Senador FLÁVIO BOLSONARO, a autoridade policial trouxe informações a respeito do uso da estrutura da ABIN para monitoramento dos auditores da Receita Federal do Brasil, responsáveis pelo RIF – relatório de inteligência fiscal – que deu origem à investigação que apurava o desvio de parte dos salários dos funcionários da ALERJ ('caso da rachadinha'), com o objetivo, inclusive, de 'encontrar podres' sobre os mencionados auditores", diz trecho da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou nesta quinta-feira a quarta fase da Operação Última Milha.

As diligências contra os auditores "ao que indicam os vestígios foram determinadas pelo delegado Alexandre Ramagem", diz o relatório da PF. Os investigadores interceptaram conversas de integrantes da 'Abin Paralela' falando sobre achar "podres", "dívidas tributárias", "ver redes sociais de esposa" dos servidores da Receita.

 

Por Eduardo Gonçalves, Mariana Muniz, Paolla Serra e Patrik Camporez O Globo