Economia Mercado
Ibovespa retoma patamar dos 130 mil pontos com inflação e Galípolo no radar; dólar cai a R$ 5,51
Nível não era visto desde 28 de fevereiro desse ano. IPCA de julho deu o tom otimista para a bolsa brasileira
09/08/2024 22h07
Por: Redação
Ibovespa: bolsa opera em alta após inflação de julho vir em linha do esperado (Germano Lüders/Exame)

O Ibovespa fechou esta sexta-feira, 10, em alta de 1,52% aos 130.615 pontos, com investidores repercutindo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho e o balanço da Petrobras (PETR4). É a primeira vez que o índice fica acima dos 130 mil pontos desde fevereiro deste ano.

No acumulado da semana, o principal índice da B3 subiu 3,79%. Já o real manteve a toada de apreciação após dados do mercado de trabalho americano virem melhores do que o esperado. O dólar caiu mais de 1% e fechou cotado a R$ 5,51.

Ibovespa hoje
IBOV: + 1,52% aos 130.615 pontos
Dólar: - 1,06% cotado a R$ 5,515
Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA de julho apresentou uma alta mensal de 0,38%. O número veio ligeiramente acima do consenso do mercado de 0,35%, mas não gerou surpresas entre os investidores. O IPCA acumula alta de 2,87% no ano e, nos últimos 12 meses, de 4,50%, chegando ao teto da meta da inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Para Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, o dado próximo ao esperado e a expectativa de corte de juros nos Estados Unidos que vem se consolidando cada vez mais, devem fortalecer a tese de manutenção da Selic em 2024. “Com o IPCA de julho próximo das estimativas, a curva de juros voltou a cair nesta manhã, indicando que a precificação de uma possível alta na Selic em 2024 vai se dissipando.”

O mercado também repercutiu positivamente as falas do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que surpreendeu o mercado ontem a noite após adotar um tom mais hawkish (tendência para alta de juros) durante uma palestra no 15º Congresso das Cooperativas de Crédito (Concred), em Belo Horizonte (MG). A surpresa se deu ao admitir que, para ele, o balanço de riscos está “assimétrico”, fato não citado na ata.

Outro ponto que chamou a atenção do mercado foi a posição firme em relação aos conflitos com o Executivo do país. Isso porque Galípolo é cotado para ser indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência do Banco Central (BC) a partir de 2025. O diretor afirmou que não faz sentido imaginar que os novos indicados não poderiam votar para uma alta da Selic porque o presidente Lula é crítico a esse nível de juros.

Balanço da Petrobras (PETR4)
O mercado também reagiu ao balanço da Petrobras (PETR4) divulgado ontem a noite. Contrariando as expectativas, a estatal registrou prejuízo de R$ 2,605 bilhões no segundo trimestre de 2024. O consenso LSEG apontava para um lucro de R$ 22,3 bilhões. As ações da companhia fecharam em queda de 1%.

Petrobras (PETR3): - 0,86%
Petrobras (PETR4): - 0,92%
A maior parte do prejuízo é explicada por eventos não recorrentes, como um acordo tributário com a União anunciado em junho, ou seja, impactos no caixa que não deverão voltar acontecer nos resultados seguintes, é o que explica Thiago Zanetoni, especialista em investimentos na WIT Invest.

Há, no entanto, um ponto de atenção: mesmo desconsiderando os efeitos não recorrentes, o lucro da companhia teria sido de R$ 15,728 bilhões, muito abaixo de trimestres anteriores.

“Isso tudo deve fazer as ações da companhia oscilarem bastante no pregão desta sexta-feira, pois além da priora dos resultados por eventos não recorrentes e impacto da piora no câmbio, não houve divulgação de dividendos extraordinários, limitando o pagamento de proventos à Política de Remuneração aos Acionistas básica da empresa.”

Zanetoni comenta que o mercado ainda deve digerir melhor esse balanço, separando o que são efeitos meramente contábeis e os não recorrentes, do desempenho operacional da companhia. “O investidor que decidir comprar os papéis deve estar pronto a uma possível piora na visão que o mercado tem da empresa, pois, o que antes eram os receios que pairavam em relação à sua gestão, neste trimestre os números não são bons.”

Como é calculado o índice Bovespa?
Principal índice de ações da bolsa brasileira, a B3, o Ibovespa é calculado em tempo real, com base na média do desempenho dessa carteira teórica de ativos, cada uma com seu peso na composição do índice.

Funcionando como um termômetro do desempenho consolidado das principais ações para o mercado, cada ponto do Ibovespa equivale a 1 real. Por isso, se o Ibov está em 100 mil pontos, isso quer dizer que o preço da carteira teórica das ações mais negociadas é de R$ 100 mil.

Que horas abre e fecha a bolsa de valores?
O horário de negociação na B3 vai das 10h às 17h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o aftermarket ocorre entre 17h25 e 17h45. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 16h55.

 

Rebecca Crepaldi
Repórter de finanças/Exame