O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta segunda-feira, 10, um decreto que oficializa a adoção de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio feitas pelo país.
Trump assinou a proclamação que implanta as tarifas em uma cerimônia fechada na Casa Branca. "Este é um grande acordo, que tornará a América rica de novo", disse, a alguns repórteres que estavam presentes.
Segundo a agência Bloomberg, a medida passa a valer em 4 de março. Inicialmente, não devem haver exceções.
Em 2024, o Brasil foi o segundo maior fornecedor do metal para os EUA, atrás apenas do Canadá. No acumulado do ano, o país vendeu 4,08 milhões de toneladas, representando 15,5% de tudo que os Estados Unidos compraram de fora. Segundo o governo americano, o montante equivaleu a US$ 2,99 bilhões.
Trump diz que a medida ajudará a atrair mais empregos e negócios ao país. "Todo o aço que vier para os Estados Unidos terá uma tarifa de 25%. Alumínio, também", afirmou o presidente, durante conversa com jornalistas a bordo do avião Air Force One, no domingo, 9.
Em 27 de janeiro, Trump havia citado o Brasil como parte de um grupo que “quer mal” aos Estados Unidos. "A China é um grande criador de tarifas. Índia, Brasil, tantos, tantos países. Então, não vamos deixar isso acontecer mais, porque vamos colocar a América em primeiro lugar, sempre colocar a América em primeiro lugar", afirmou.
Reação do Brasil
Ao longo do dia, o governo brasileiro evitou comentar publicamente a taxação pelos Estados Unidos e disse que aguardava Trump formalizar a medida. Mas nos bastidores do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) técnicos já calculam eventuais impactos para a economia nacional e as possíveis medidas de reciprocidade à alta norte-americana, afirmaram à EXAME membros da pasta.
Uma lista com medidas de retaliação está sendo preparada pelo MDIC e será apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo vice-presidente e ministro da área, Geraldo Alckmin, apurou a EXAME.
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Em seu primeiro mandato, em 2018, Trump também impôs tarifas ao aço brasileiro, mas houve negociações posteriores que acabaram anulando a medida, na prática. Uma das saídas foi a criação de cotas de importação por país, que ficaram livres de tarifas extras.
Guerra comercial
Trump usa as tarifas como forma de pressionar outros países a tomar medidas que ele deseja, como a de reforçar a segurança na fronteira e conter o fluxo de imigrantes.
Em outras ocasiões, como quando anunciou tarifas contra o México, China e Canadá, Trump demorou alguns dias para assinar a ordem executiva sobre o tema. Ele ficou dias dizendo que as tarifas entrariam em vigor em 1º de fevereiro, mas só assinou a ordem para isso no próprio dia 1º, no fim da tarde, e determinou que as medidas entrassem em vigor três dias depois, em 4 de fevereiro.
No entanto, as tarifas contra México e Canadá foram adiadas até 4 de março, após um acordo. Os países vizinhos tomaram medidas para reforçar a segurança na fronteira e assumiram mais alguns compromissos.
Já as tarifas contra a China, de 10% adicionais, entraram em vigor no dia 4. Em resposta, a China impôs tarifas de 10% a 15% em uma série de produtos dos EUA, que passaram a valer nesta segunda, 10.
Por Exame