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Ministro nega conivência do GSI com os atos de 8 de janeiro e anuncia blindagem dos vidros do Planalto

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados Reunião da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado O ministro do Gabinete de Segurança I...

Por: Redação Fonte: Agência Câmara de Notícias
24/05/2023 às 21h40
Ministro nega conivência do GSI com os atos de 8 de janeiro e anuncia blindagem dos vidros do Planalto
Reunião da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado - (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marcos Antônio Amaro dos Santos, negou suposta conivência de seu antecessor, general Gonçalves Dias, com os atos golpistas de 8 de janeiro. Na condição de convocado, Amaro prestou depoimento na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (24). A convocação partiu do deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP) com base em imagens do ex-ministro do GSI e de invasores dentro do Palácio do Planalto, mostradas pela rede de TV CNN em abril.

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“O sentimento geral era de facilitação. Esse sentimento foi confirmado pelas imagens vazadas do ministro do GSI e de funcionários do órgão caminhando entre os vândalos, abrindo portas e servindo água para pessoas que destruíam o patrimônio público. Essas imagens foram censuradas pelo presidente Lula, em um sinal claro de que a verdade sobre o 8 de janeiro estava sendo escondida do povo”, disse.

As imagens levaram à demissão do general Dias. À frente do GSI desde 4 de maio, general Amaro afirmou que o antecessor foi surpreendido pelos invasores e depois se esforçou em conduzi-los à prisão.

“A meu ver, não houve facilitação. Houve um esforço que não foi suficiente para conter as invasões. Na verdade, as imagens mostram que ele [General G. Dias] estava indicando a escada que conduz do terceiro para o segundo piso, onde os manifestantes estavam contidos para posterior prisão”, explicou o ministro.

Amaro entregou aos deputados o protocolo de ações integradas que a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal elaborou em 6 de janeiro sem convite ao GSI. Segundo ele, não havia informações sobre a natureza e o número de manifestantes, o que gerou baixa avaliação de risco nos prédios dos três poderes. O ministro também negou censura às imagens do Planalto, que já estão disponíveis ao público desde a retirada do sigilo judicial.

O ministro general Amaro também saiu em defesa do ex-chefe do Comando Militar do Planalto, general Gustavo Henrique Dutra, criticado pela oposição depois de elogiar a postura do presidente Lula diante dos atos de 8 de janeiro. Em depoimento à CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Dutra afirmou que a concordância do presidente em adiar para a manhã seguinte a prisão dos acampados em frente ao quartel do Exército, em Brasília, evitou “uma noite de sangue”.

Medidas de segurança
Até o fim deste mês, uma sindicância interna vai apontar eventuais irregularidades nas ações do GSI em 8 de janeiro. Amaro avalia que a forte reação da sociedade, do Judiciário (com inquéritos) e do Parlamento (CPMI) à depredação de prédios públicos inibe a repetição de novos atentados. Recentemente, foram retiradas as grades que protegiam o Palácio do Planalto desde janeiro, mas general Amaro quer adotar outras medidas de segurança no prédio, que é tombado pelo patrimônio nacional.

“É a blindagem dos vidros do piso térreo, o que não modifica as características arquitetônicas do palácio, deve ter uma certa facilidade na autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico e terá uma grande efetividade no aumento da segurança do palácio face a esse tipo de manifestação mais agressiva”.

A ampliação no número de câmeras e o reforço nos postos de segurança também estão nos planos do Gabinete de Segurança Institucional. O ministro lembrou que o espelho d’água do Palácio do Planalto só foi construído em 1989 após um motorista invadir o prédio com um ônibus.

Governo x oposição
A audiência também foi marcada por debates acalorados entre governistas e oposição. O deputado Sargento Fahur (PSD-PR) minimizou os atos de 8 de janeiro.

“Terrorismo é bomba. O que tivemos aqui foi vandalismo. E outra: que idiotice é essa de golpe? Para dar golpe, precisava, no mínimo, de parte das Forças Armadas rebeladas; ou, no mínimo, as polícias militares que têm armas; ou, no mínimo, centenas de CACs fortemente armados. Agora, golpe com a senhorinha do zap?”, argumentou.

Já o deputado Reimont (PT-RJ) apontou discurso golpista no governo anterior.

“O dia 8 de janeiro tem antecedentes. Primeiro, ‘vamos fechar o STF com um cabo, um soldado e um jipe’; não aceitaram o resultado das urnas; pediram intervenção militar; quebraram Brasília em 12 de dezembro, no dia da diplomação do Lula; esticaram a corda incentivando o golpe; mantiveram o povo à frente dos quartéis com alimentos, cobertores e fake news”, lembrou o deputado.

Os deputados também discutiram a possível criação da guarda nacional, uma instituição permanente para proteger prédios dos três poderes. O tema divide opiniões e deve ser enviado ao Congresso Nacional em forma de proposta de emenda à Constituição.

 

PARA AGÊNCIA

 

SONORA: (17”) (G. Dutra)
“Ele (general Dutra) estava cumprindo mandado judicial de realizar a prisão dos manifestantes. Ele se esforçou e conversou com o presidente da República no sentido de preservar vidas, inclusive solicitando que (a prisão) fosse feita na manhã seguinte. E não naquela noite, o que resultaria em danos sérios, na sua avaliação”.