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Política industrial do governo já está fazendo efeito, afirma presidente da Abimaq

Em entrevista à TV 247, José Velloso destaca a importância de ações contínuas para fortalecer a indústria brasileira

03/11/2024 às 14h18
Por: Redação
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José Velloso, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) (Foto: Divulgação)
José Velloso, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) (Foto: Divulgação)

247 - A nova política industrial brasileira implementada pelo governo já começa a gerar impactos positivos nas indústrias. A avaliação é do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso. Em entrevista ao programa Histórias do Desenvolvimento, da TV 247, o presidente da Abimaq destacou os avanços e os desafios enfrentados pelo setor industrial brasileiro e defendeu a necessidade de uma ação contínua para que a recuperação da indústria, que cresceu 3% nos oito primeiros meses de 2024, seja mantida no longo prazo.

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Para José Velloso, os principais avanços da indústria estão relacionados à efetividade da nova política industrial e à implementação do programa Brasil Mais Produtivo. Segundo Velloso, o Brasil Mais Produtivo tem contribuído para que empresas possam modernizar seus processos de produção e gestão, com acesso a diagnósticos gratuitos, projetos de inovação, qualificação de mão de obra e financiamentos para aquisição de máquinas e equipamentos, mesmo que a inovação esteja na forma de produção. Esses avanços, segundo ele, já são visíveis em diversos casos de sucesso, demonstrando o impacto positivo da política industrial atual. “A política industrial já está fazendo efeito. Empresas que desejam inovar têm acesso a esses programas, o que é um grande passo para o fortalecimento da nossa indústria”, afirmou.

Velloso ressaltou que a indústria é um pilar essencial para o desenvolvimento de qualquer país, mencionando exemplos de nações como Coreia do Sul e China que utilizaram a indústria como motor de crescimento econômico. “A indústria irradia crescimento para outros setores, agrega valor à economia e gera empregos qualificados”, afirmou, destacando que o Brasil, no entanto, sofre um processo de desindustrialização precoce. Segundo ele, o país vem perdendo participação da indústria no PIB há cerca de 30 a 40 anos, o que aconteceu sem o correspondente aumento da renda per capita da população, fator que ele considera atípico. O presidente da Abimaq também apontou que a política industrial do governo é um passo importante para reverter essa tendência. Ele mencionou que, embora os desafios sejam significativos, os sinais de recuperação já aparecem nos dados mais recentes do PIB, com crescimento em diversos setores industriais, como automotivo e eletroeletrônico. “A indústria cresceu de forma pujante e puxou o PIB para cima no último trimestre”, comentou.

Investimento e papel dos bancos públicos 

Um dos principais pontos abordados na entrevista foi a dificuldade de acesso ao crédito a taxas compatíveis com o desenvolvimento sustentável do setor. Velloso explicou que, apesar do crescimento da produção física da indústria em torno de 1,8% neste ano, os investimentos ainda estão aquém do necessário. “Precisaríamos de uma taxa de investimento na ordem de 23% a 25% do PIB para garantir um crescimento sustentável, mas a taxa atual é de apenas 16,8%”, afirmou.

Velloso destacou a atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como uma ferramenta importante para o financiamento do setor industrial. No entanto, ele aponta que o maior problema não é a disponibilidade de recursos, mas o custo elevado das linhas que estão atreladas à Taxa de Longo Prazo (TLP). Segundo ele, o dinheiro destinado ao financiamento de máquinas e equipamentos vem do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que é repassado ao BNDES e, posteriormente, a outros bancos. Quando os bancos repassam os recursos aos tomadores finais, os juros ficam em torno de 17% a 19% ao ano, o que torna os financiamentos pouco atrativos para os investidores.

O BNDES Finame oferece financiamento, por meio de instituições financeiras credenciadas, para a produção e compra de máquinas, equipamentos, bens de informática, automação e outros bens industrializados, destinados à atividade econômica dos clientes. As operações são indiretas, com mais de 80 agentes financeiros repassando os recursos do BNDES, o que amplia o alcance do crédito e facilita o acesso, especialmente para pequenas empresas e pessoas físicas, já que as operações diretas exigem um valor mínimo de R$ 20 milhões. Em março de 2024, foi lançado o BNDES Máquinas e Serviços, uma nova linha que permite o financiamento direto de máquinas, equipamentos e serviços de alto valor agregado, mantendo o valor mínimo de R$ 20 milhões. Embora o novo produto possa ser mencionado, o foco deve permanecer nas operações indiretas, mais voltadas para empresas menores.

Segundo o presidente da Abimaq, a diretoria do BNDES tem buscado alternativas para reduzir os custos do crédito. Uma das soluções do banco destacadas por Velloso foi a criação de uma linha de crédito atrelada à Taxa Referencial (TR), voltada para inovação, que se mostrou mais competitiva, com juros em torno de 8% ao ano. “A linha para inovação com TR foi um avanço, mas os recursos são limitados. Ela atingiu rapidamente os R$9 bilhões disponibilizados e já se encontra com limitações”, destacou. Dos R$9 bilhões mencionados por Velloso, R$ 6,6 bilhões são recursos provenientes do programa BNDES Mais Inovação, com a Taxa Referencial (TR), que em outubro está em 0,81%. O valor aprovado para projetos de inovação representa 6,5% das aprovações do BNDES, o maior já registrado na história do banco.

José Velloso mencionou linhas de crédito voltadas para projetos de descarbonização e transição energética, que oferecem condições mais vantajosas para financiar iniciativas sustentáveis.

Transição energética

No campo da transição energética, Velloso destacou o papel da Abimaq na promoção de tecnologias de geração de energia renovável, como eólica e bioenergia. As quatro maiores fontes renováveis que compõem a matriz de energia elétrica brasileira são a hídrica (53,88%), eólica (15,22%), biomassa (8,31%) e solar (7,2%), segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Entre as fontes não renováveis, as maiores são gás natural (8,78%), petróleo (3,92%) e carvão mineral (1,7%). No entanto, ele alertou para o descompasso entre os incentivos dados à energia solar, que têm favorecido a importação de equipamentos da China, em detrimento de investimentos na cadeia produtiva nacional. “O Brasil precisa equilibrar os benefícios para diferentes fontes de energia para que a indústria local também tenha oportunidades de crescimento”, defendeu.

José Velloso reforçou que a continuidade das políticas industriais será crucial para que o setor industrial brasileiro recupere seu papel estratégico na economia. Ele ressaltou a importância de um ambiente favorável para investimentos e inovação, e de políticas que reduzam o custo do crédito para as empresas. “Os avanços são visíveis, mas ainda há um longo caminho pela frente. A política industrial precisa de continuidade para que os resultados se consolidem e o Brasil possa retomar seu protagonismo no cenário industrial global”, concluiu.

Assista à entrevista na íntegra:

 

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