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Meteoro duplamente raro é visto cruzando o céu no sul do Brasil

Astro de origem interestalar, o 1º registrado no país, atingiu a atmosfera da Terra de raspão e provavelmente retornou ao espaço

Por: Redação Fonte: R7 - Sofia Pilagallo*, do R7
03/06/2021 às 12h50
Meteoro duplamente raro é visto cruzando o céu no sul do Brasil
Imagem capturada por estação de monitoramento em Taquara, Rio Grande do Sul - (Foto: Reprodução: Youtube / Bramon (Rede Brasileira de Meteoros))

Um meteoro duplamente raro cruzou o céu do Rio Grande do Sul na noite do último domingo (30). Além de se tratar de um fenômeno conhecido como earthgrazer, o astro também é o primeiro meteoro de origem interestelar registrado pela da Bramon (Rede Brasileira de Meteoros).

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O evento foi gravado por câmeras do observatório espacial Heller & Jung, em Taquara, no Rio Grande do Sul, e de uma estação de monitoramento em Tangará, em Santa Catarina. Apesar de as imagens não terem capturado a trajetória completa do corpo celeste, algumas características levam astrônomos a conclusão de que se trate de algo incomum.

"Um earthgrazer é um meteoro que atinge a atmosfera da Terra de raspão, percorre as camadas mais altas da terra e, dependendo do tamanho e velocidade, retorna ao espaço. No caso, ele atingiu a atmosfera em um ângulo de 6,1°, em relação ao solo", afirma o mantenedor da estação de monitoramento em Tangaré, Thiago Boesing.

"Geralmente, um earthgrazer também não brilha tão intensamente e não apresenta surtos de luminosidade (explosões) em relação aos demais meteoros. Ele começou a brilhar a 162,7 km de altitude a sul de Capão Comprido, no Rio Grande do Sul, seguiu em direção ao norte a 230,7 mil km/h, percorrendo 243,6 km em 3,8 segundos, e desapareceu a 137 km de altitude, a leste de Carlos Barbosa, outra cidade no estado", completa o mantenedor do Heller&Jung, Carlos Fernando Jung.

Segundo o diretor técnico da Bramon, Marcelo Zurita, o meteoro do último domingo atingiu velocidades altíssimas: 46km/s enquanto ainda no espaço e 74km/s quando atingiu a atmosfera terrestre. Dadas as circunstâncias, ele acredita que o impacto com os gases atmosféricos tenham impulsionado de volta ao espaço — o mesmo efeito que ocorre quando uma pedra é arremessada em um lago, por exemplo.

A rápida velocidade do astro também justificaria a hipótese de o astro ser oriundo de fora do Sistema Solar. Zurita explica que isso ocorre devido a um fenômeno conhecido como "velocidade de escape".

"Em física, chamamos de velocidade de escape a mínima velocidade necessária que qualquer objeto deve atingir para escapar da atração gravitacional de corpos massivos, como planetas e estrelas. No caso do Sol, esta velocidade é de 42km/s", diz.

"Enquanto ainda no espaço, o meteoro atingiu 46km/s, velocidade que subiu para 74km/s quando atingiu a atmosfera da Terra. Isso é incompatível com qualquer objeto que orbita em torno do Sol", completa.

O registro pode ser considerado o mais importante já realizado pela Bramon e, sobretudo, pela estação de monitoramento em Tangará, que há pouco tempo contribi com a rede. Apesar de Boesing já ter capturado diversos meteoros de alta magnitude, para ele, este é, sem dúvida, o mais significativo.

"Além de ser um earthgrazer, o meteoro é também de origem interestelar, o que é um campo novo para a Bramon", afirma. "Vale ressaltar que ainda existem poucos estudos sobre isso, o que traz uma significativa possibilidade de um conhecimento científico mais aprofundado sobre o assunto."

Veja o momento exato em que o meteoro cruzou o céu:

*Estagiária do R7 sob supervisão de Pablo Marques

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