A história do uso dos computadores pode ser dividida de diversas maneiras diferentes, no entanto, é inegável que uma de suas principais revoluções foi o aparecimento de interfaces gráficas para usuários – sistemas operacionais controlados por ícones e imagens no monitor e um mouse nas mãos, permitindo que usuários comuns utilizem os computadores de forma intuitiva e amigável. O conceito de arquivos dentro de pastas, janelas, atalhos, e outros gestos e movimentos, ainda é a principal forma de interpretação do mundo digital.
O Microsoft Windows foi um dos sistemas pioneiros dentro desta categoria – mas diferentemente de alguns concorrentes como o Apple Macintosh, restrito aos computadores da fabricante, ou de sistemas baseados em Unix que dependiam de esforços da comunidade e voluntários, o Windows foi criado para ser executado em quase todos os computadores pessoais – e recebeu investimentos milionários em seu marketing, desenvolvimento, correção de bugs e compatibilidade. Atualmente, esses esforços tornam o Windows o sistema operacional mais utilizado em computadores em todo o mundo – e no Brasil, representa 90% de todo o mercado de PCs e laptops.
No entanto, usuários e entusiastas levantam preocupações sobre uma possível iminente mudança na monetização do sistema – introduzindo novos custos para usuários domésticos, empresas, e aumentando a busca por alternativas gratuitas. Confira.
Microsoft Windows versus pirataria
A história do uso do Microsoft Windows em computadores pessoais no Brasil é marcada por uma trajetória interessante. Desde o lançamento do Windows 3.1 na década de 1990, o sistema operacional da Microsoft conquistou rapidamente o mercado brasileiro devido, em parte, à sua disponibilidade em larga escala de cópias piratas. Naquela época, a pirataria era desenfreada, e muitos usuários optaram por versões não licenciadas do Windows devido aos altos custos das licenças originais, e das baixas necessidades dos usuários. Atualmente, no entanto, versões modernas do sistema são responsáveis por controlar diversos aspectos da experiência do usuário – da criptografia de arquivos, como explicada pela ExpressVPN, até a conectividade com a internet, suporte a acessórios conectados, retrocompatibilidade com programas de terceiros e muito mais.
A Microsoft percebeu que combater a pirataria no Brasil era um desafio complexo e optou por uma abordagem ambígua. Por um lado, a empresa tentou reprimir a pirataria por meio de iniciativas legais e ações judiciais contra vendedores de cópias não licenciadas, principalmente destinadas contra grandes empresas ou instituições de ensino que utilizavam versões não autorizadas do sistema. Por outro lado, a Microsoft adotou uma postura mais tolerante no mercado doméstico, permitindo que a pirataria continuasse a uma certa medida. Isso aconteceu devido ao entendimento de que a disseminação do Windows por meio de cópias piratas também criava uma base de usuários significativa, potencialmente convertendo alguns deles em clientes pagantes no futuro, e garantindo que os usuários aprendessem a utilizar computadores com Windows – dificultando sua transição para outras plataformas como o Linux. Essa base instalada de usuários também significou que programas importantes, como a linha de software Adobe, fossem desenvolvidas para Windows e não para suas alternativas.
No decorrer dos anos, a Microsoft passou a combater a pirataria através da redução do custo de licenças originais, enfatizando os benefícios da conectividade oficial com a disponibilização de atualizações, melhorias de recursos, instalação automática de drivers e o Windows Defender antivírus. Atualmente, é possível comprar uma licença original através da internet para ativar uma nova instalação do Windows.
Windows 12 pode exigir sistema de assinatura mensal
O Windows 11, versão mais recente do sistema operacional da Microsoft, é marcado por uma mudança significativa em seu visual e em seus programas embutidos – a ideia é preparar os usuários para um ecossistema mais baseado em serviços na internet, como o Office 365, OneDrive para arquivos em nuvem, e Microsoft Copilot – sistema semelhante ao ChatGPT. Para muitos usuários, a compra de uma chave de ativação do Windows 10 ou Windows 11 não é uma experiência habitual – na verdade, o mais comum é a compra de um laptop ou computador em uma loja oficial, com uma chave oficial do Windows inclusa no valor do produto e automaticamente preenchida pela fabricante no ato de instalação.
No entanto, versões de testes do sistema operacional revelaram menus escondidos e linhas de código ocultas que sugerem que a nova versão do Windows – atualmente apelidada de Windows 11 – pode mudar completamente a monetização do sistema: usuários precisariam ativar uma licença mensal, da mesma maneira que precisam pagar pelo pacote Office ou OneDrive, em uma modalidade de custo semelhante ao Netflix ou Spotify. Assim, os computadores não possuiriam mais uma versão permanente do Windows, e sim uma versão constantemente atualizada e conectada que exigirá uma assinatura mensal para ser utilizada.
O código encontrado também sugere que poderá haver diferença no custo mensal com base nos recursos desejados pelos usuários – a assinatura básica não ofereceria suporte à plataforma de virtualização, por exemplo, muito utilizada por desenvolvedores de software e programadores. A Microsoft não confirmou ou negou as mudanças encontradas na versão beta, mas já migrou diversos de seus serviços para o programa de assinatura mensal, tornando plausível e provável a mudança do Windows para o novo método de monetização.
Uma assinatura mensal para utilizar o computador já despertou a indignação de vários usuários em plataformas como o Reddit e Twitter, e os custos para pequenas empresas que possuem diversos computadores também podem rapidamente se tornar uma despesa difícil de justificar. Alternativas completamente gratuitas como o Linux Mint e Ubuntu existem e possuem grande facilidade de uso, programas alternativos como o LibreOffice, e podem ser normalmente utilizadas nos computadores comuns – incluindo suporte a seus acessórios como impressoras. No entanto, a adaptação aos sistemas alternativos pode ser complicada para usuários iniciantes, e alguns programas de Windows são impossíveis de serem executados nas plataformas alternativas – como é o caso do Adobe Photoshop e Adobe Premiere.
Ainda precisaremos aguardar para entender qual será a decisão da Microsoft para o futuro do Windows, mas para muitos usuários, começar a explorar o universo de sistemas operacionais alternativos pode ser interessante – as décadas de dependência no Microsoft Windows podem finalmente chegar ao fim.
Fonte: Unisites