Alvo de uma operação da Polícia Federal, o grupo formado por militares do Exército e um policial suspeito de tramar um golpe no país se identificava usando nomes de países. Documento da Procuradoria-Geral da República descreve que eles cadastraram telefones com os nomes Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil e Gana. A utilizaççao dos codinomes, de acordo com a investigação, serviria “para não revelarem suas verdadeiras identidades”. Eles também se referiam ao plano como "Copa 2022".
Expediente semelhante para se identificar por meio de nomes de localidades foi o usado na série ficcional "La Casa de Papel", um dos maiores sucesso da plataforma de streaming Netflix.
Na trama, um grupo se reúne para roubar bancos na Espanha e utiliza codinomes em referência a capitais do mundo, como Tóquio (Japão), Berlim (Alemanha) e Rio (Brasil).
Além dos nomes de países para se identificar, o grupo também adotou codinomes para se referir aos seus alvos. O presidente Lula, por exemplo, era "Jeca". O vice-presidente Geraldo Alckmin, por sua vez, era chamado de "Joca". E o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, de "professora".
O codinome "professora" foi identificado, por exemplo, na interceptação de uma conversa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência. No dia 21 de dezembro de 2022, o militar pergunta a outro auxiliar de Jair Bolsonaro, Marcelo Câmara: ‘Por onde anda a Professora?’.
Marcelo responde: ‘Informação que foi para uma escola em SP’.
Houve, ainda, a utilização do codinome "Juca". A PF aponta o grupo se refere a alguém que seria a “iminência parda do 01 e das lideranças do futuro gov” e que também deveria ser "neutralizado", mas não descobriram quem seria. “A investigação, no entanto, não obteve elementos para precisar quem seria o alvo da ação violenta planejada pelo grupo criminoso”, diz Moraes.
A operação da PF mira os “kids pretos”, formado por militares das Forças Especiais. Ao todo, foram expedidos cinco mandados de prisão preventiva, três mandados de busca e apreensão e 15 medidas como a proibição de contato entre os investigados, a entrega de passaportes em 24 horas e a suspensão do exercício de funções públicas. A operação tem como alvos militares da reserva, um deles hoje assessor do deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ), e um policial federal.
Pare do suposto plano golpista, segundo a PF, envolvia matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro na eleição de 2022. As medidas de hoje foram cumpridas como parte do inquérito que apura se houve uma tentativa de golpe de Estado após o resultado da eleição.
Por O GLOBO — BRASÍLIA