Fernando Diniz tem uma frase simples que exemplifica como entende o jogo. É assim:
- Existe só uma bola e 11 jogadores que podem encostar nela. Então, enquanto um está com a bola, os outros têm de se movimentar para dar opção de passe.
Em dois jogos, o treinador implementou essa filosofia, o Vasco foi intenso, controlou os adversários e fez seus melhores jogos na Série B. Mas não venceu. No domingo, diante do Cruzeiro, o filme do ocorrido contra o CRB se repetiu: a vitória encaminhada, queda no segundo tempo, erro de marcação e empate nos acréscimos. Situação que tornou o acesso muito mais difícil.
Se Diniz melhorou a forma como o Vasco joga, o técnico não corrigiu as falhas de marcação em bolas pelo alto. No primeiro tempo, por exemplo, a equipe mandou no jogo, empurrada pela torcida que voltou a São Januário mais de 500 dias depois dos portões serem fechados pela pandemia de Covid-19, e criou três chances claras de gol. Parou nas mãos de Fabio. Mas sempre que uma bola era cruzada na meta de Vanderlei a apreensão era grande.
A continuidade da escalação foi um acerto do técnico - só Riquelme substituiu o suspenso Zeca. Cano se dedicou imensamente ao comandar a marcação pressão na saída de bola do time mineiro, Andrey deu show no meio e Nenê e Morato construíram as oportunidades. Foi assim, aliás, que o camisa 77 abriu o placar.
Sem a bola, a equipe soube recompor rapidamente. E, com duas linhas de quatro, tirou os espaços do Cruzeiro. Só correu um grande risco, na verdade, em chute para fora de Thiago. O problema é que, para o atual Vasco, jogar bem é insuficiente.
No segundo tempo, a produção vascaína caiu. Primeiro porque o Cruzeiro melhorou. Técnica, tática e fisicamente. Belletti fez cinco substituições até os 25 minutos. Diniz mudou pela primeira vez aos 32. Demorou. Àquela altura, o Vasco cansou. Não conseguiu mais envolver o rival. Tanto que só ameaçou em chute de longe de Marquinhos Gabriel e em cabeçada de Leandro Castan.
Mesmo assim, o Vasco conseguiu levar a vantagem até os acréscimos. Depois do gol de Daniel Amorim, anulado pela VAR por toque de mão de Pec no começo do lance, decisão criticado por Diniz, o Vasco errou na marcação de um escanteio. Ramon marcou aos 49 minutos livre dentro da área no seguinte contexto: os 11 jogadores vascaínos marcavam contra sete cruzeirenses.
Pelo terceiro jogo consecutivo, o segundo com Diniz, o Vasco levou gols nos acréscimos. Vazar na reta final das partidas é mais um problema a corrigir. Dos 29 gols sofridos, oito foram após os 30 minutos do segundo tempo, ou seja, 27,5%.
Em nono, com 34 pontos, o Vasco tem sete a menos do que o CRB, o último integrante do G-4. A desvantagem pode aumentar para dez pontos ao término da rodada. Faltando 13 rodadas, a situação é muito complicada.
- A gente não tem certeza de nada, tem que ter trabalho e acreditar que é possível. Aqui dentro a gente vai trabalhar, insistir e acreditar no acesso até o final - finalizou Diniz.
Fonte GE