Os jogadores pediram uma reunião com o cartola, o que aconteceu na quarta-feira. Na ocasião, líderes do elenco sugeriram a disputa de partidas adiadas das Eliminatórias na data em que deveria ocorrer a Copa América. Eles reforçaram que a insatisfação com o torneio não tinha relação com um desejo de ter férias.
A questão técnica também pesou para os atletas aceitarem jogar o torneio. Esta será a última oportunidade em que a seleção brasileira estará reunida por um longo período antes da Copa do Mundo do Catar, em 2022. Vale lembrar que a Copa das Confederações, que antigamente ocorria no ano anterior aos mundiais, foi extinta.
Durante esta semana em que a disputa ou não da Copa América foi debatida internamente na Seleção, as entrevistas coletivas dos jogadores foram canceladas. O único a se pronunciar foi o volante Casemiro, na saída de campo após a vitória por 2 a 0 sobre o Equador. O volante disse que todos sabiam qual era a posição dos atletas e da comissão técnica de Tite, mas não revelou qual era ela:
– Nosso posicionamento todo mundo sabe, mais claro impossível, Tite deixou claro nosso posicionamento e o que nós pensamos da Copa América. Existe respeito e uma hierarquia que temos que respeitar, e claro que queremos dar nossa posição – afirmou o volante, antes de prosseguir:
– Queremos falar. Não queremos desviar o foco, porque isso (Eliminatórias) para nós é a Copa do Mundo. Mas queremos falar, expressar a nossa opinião, se é certo ou não, cada um vai determinar, mas queremos expressar nossa opinião, sim.
Nesta quarta, os atletas e demais funcionários da Seleção que desejarem poderão se vacinar na sede da Conmebol, no Paraguai. A imunização, porém, não é obrigatória para os participantes da Copa América.
Conmebol tenta estancar sangria
Reuniões tensas entre cartolas. Confrontos políticos. Preocupações com a Covid-19. Os contornos da Copa América de 2021 - que originalmente seria realizada na Colômbia e na Argentina no ano passado - tornaram a missão da Conmebol ainda mais difícil na inesperada nova edição brasileira da tradicional competição continental. Os cartolas sul-americanos negociam até o último minuto com cada associação nacional de futebol para evitar novos sustos.
A manifestação da Associação de Futebol da Argentina no último domingo foi considerada uma vitória pela Conmebol. Ao lado da seleção brasileira, eram os argentinos quem mais tratavam da possibilidade de desistirem da competição. A Conmebol autorizou todas as seleções a decidirem se vão se concentrar na cidade em que forem atuar na Copa América ou não.
A Argentina optou por ir e voltar de Buenos Aires, para ficar no centro de treinamento de Ezeiza, ao lado do aeroporto. Todos os voos da competição serão fretados, com despesas pagas pela Conmebol. A confederação sul-americana vai gastar, pelo menos, US$ 40 milhões (R$ 200 milhões) em toda a organização - número que aumentou para atender todas as demandas num momento de crise.
Outras seleções reafirmaram seus compromissos de atuar na Copa América. A seleção do Equador já comunicou que voa para o Brasil depois da partida contra o Peru, nesta terça-feira. Havia reunião marcada para debater o tema com associação de jogadores locais, mas foi cancelada. A decisão foi por viajar para jogar a Copa América, sem mudanças de rota.
A condição de outros atletas de seleções - como dos bolivianos - também sempre foi clara em disputar a competição. A premiação original para cada participante - US$ 4 milhões - se somou à pressão de dirigentes de cada associação, que se comprometeram a controlar seus atletas.
Por Bruno Cassucci, Eric Faria, Martín Fernandez e Raphael Zarko — Porto Alegre, São Paulo e Assunção GE