O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que o plano chamado "Punhal Verde e Amarelo" foi "arquitetado e levado ao conhecimento" do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo a denúncia apresentada nesta terça-feira, o plano previa matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
"Os membros da organização criminosa estruturaram, no âmbito do Palácio do Planalto, plano de ataque às instituições, com vistas à derrocada do sistema de funcionamento dos Poderes e da ordem democrática, que recebeu o sinistro nome de “Punhal Verde Amarelo”. O plano foi arquitetado e levado ao conhecimento do Presidente da República, que a ele anuiu, ao tempo em que era divulgado relatório em que o Ministério da Defesa se via na contingência de reconhecer a inexistência de detecção de fraude nas eleições", diz o texto assinado por Gonet.
O PGR denunciou o ex-presidente, o ex-ministro e general Braga Netto e mais 32 pessoas por participação em uma trama golpista para mantê-lo no poder após ser derrotado por Lula nas eleições de 2022. A denúncia será apreciada pela Primeira Turma da Corte após ser liberada pelo relator, Alexandre de Moraes.
De acordo com a acusação, Bolsonaro cometeu os crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do estado democrático de direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
O ex-presidente nega as acusações. Nesta terça, antes de a denúncia ser protocolada, Bolsonaro disse não ter preocupação com as imputações criminais.
— Você já viu a minuta do golpe? Não viu. Viu a delação do Mauro Cid? Não viu. A frase mais emblemática, tem uns 30 dias mais ou menos, um amigo que deixei em Israel falou o seguinte: "Que golpe é esse que o Mossad não estava sabendo?" Nenhuma preocupação com essa denúncia, zero — disse Bolsonaro, em visita ao Senado.
Por Eduardo Gonçalves — Brasília - O Globo