O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou, nesta quinta-feira (20), como “muito grave” a denúncia oferecida pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por supostamente liderar um grupo que teria planejado uma tentativa de golpe de Estado. Segundo Lula, o ex-presidente está confessando a própria culpa ao defender anistia às pessoas envolvidas em um suposto plano de golpe.
“As pessoas estão se autocondenando. Primeiro tem que defender a inocência deles. Nem foram julgados e estão pedindo anistia? Ou seja, estão dizendo que são culpados... Quando o ex-presidente fica pedindo anistia, está provando que é culpado, que cometeu crime. Ele deveria estar falando ‘eu vou provar minha inocência’”, pontuou.
“Ele [Bolsonaro] deveria estar dizendo ‘sou inocente, vou provar minha inocência’. Mas está pedindo anistia. Ou seja, ele está dizendo: ‘Gente, eu sou culpado. Tentei bolar um plano para matar o Lula, o Alckmin, o Alexandre de Moraes, não deu certo porque tive uma diarreia no dia, fiquei com medo, tive que voar para os Estados Unidos antecipadamente para não ficar com vergonha na posse’”, acrescentou.
As declarações de Lula foram feitas em entrevista a uma rádio do Rio de Janeiro. Segundo o presidente, se os crimes imputados a Bolsonaro forem comprovados, a prisão é a única saída para o ex-presidente.
“O que eu vi pela denúncia que foi publicada ontem é que é grave, muito grave. Os partidos comunistas brasileiros foram perseguidos durante quase 50 anos sem ter feito 10% do que a equipe do ex-presidente tentou fazer nesse país. Se for provada a denúncia feita pelo PGR da tentativa de golpe, da participação do ex-presidente na tentativa de morte de um ministro da Justiça Eleitoral, do presidente e do vice-presidente, é uma coisa extremamente grave. Eu tenho certeza que, se for provado, ele só tem uma saída: ser preso”, afirmou Lula.
A denúncia da PGR
Na última terça-feira (18), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou ao STF (Supremo Tribunal Federal) denúncia contra Bolsonaro por suposto envolvimento em um plano de golpe de Estado após as eleições de 2022. Agora, o ministro Alexandre de Moraes vai analisar a denúncia.
Bolsonaro foi denunciado pelos seguintes crimes: liderar organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado. Ele nega as acusações.
A apresentação da denúncia significa que a PGR encontrou indícios suficientes para formalmente acusar uma pessoa de ter cometido um crime. Ao todo, 34 pessoas foram denunciadas acusadas de estimular e realizar atos contra os Três Poderes e contra o Estado Democrático de Direito. Os fatos foram divididos em cinco peças acusatórias.
De acordo com a PGR, Bolsonaro tinha um discurso pronto, que seria utilizado caso a tentativa de golpe de Estado fosse bem-sucedida. O documento previa a decretação de Estado de Sítio e a implementação da GLO (Garantia da Lei e da Ordem), medidas que teriam como objetivo impedir a posse do presidente eleito Lula e assegurar a permanência de Bolsonaro no cargo.
Segundo a defesa do ex-presidente, ele “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”. Um dia após ser denunciado, Bolsonaro afirmou que a missão ainda não acabou. Em texto enviado aos contatos, o ex-presidente agradece a Deus e reafirma a certeza de que viveu no “melhor país do mundo”.
Por R7